quarta-feira, 12 de agosto de 2009

QUEM SOMOS!


A Urawaza Bugei Kai é uma instituição que foi fundada com o objetivo de difundir e preservar a prática do Bugei (arte marcial) sem deturpar ou desvirtuar seus princípios originais. De forma regulamentada e restrita somente para as pessoas que buscam disciplinas tradicionais, não somente visando o aspecto Marcial, mas, através de sua prática, a melhoria do ser humano de forma integral.


O sistema educacional dessa instituição está fundamentado na base filosófica do Bugei e outras disciplinas orientais, e seu diferencial é a ênfase ao treinamento do Kihon (fundamento) de cada escola, desenvolvendo uma real estrutura para a prática marcial e sobrevivência pessoal, e o Tairyôshin (consciência corporal), buscando preparar o adepto, não somente para a prática marcial, mas, reeducá-lo para auxiliar a descobrir seu potencial natural, e por conseqüência a expandir sua capacidade física e mental/espiritual, melhorando sua qualidade de vida!



Dentro das disciplinas da UWBK são treinados sete Ryûha (escolas tradicionais) que inclui a prática corporal em um âmbito geral das técnicas marciais, bem como, o treinamento com muitas armas tradicionais e não tradicionais.



domingo, 10 de maio de 2009

Juttejutsu

Apesar da relativa paz estabelecida pelo shogunato de Tokugawa (aproximadamente 1603 a 1868, Período Edo), oficiais da polícia japonesa feudal frequentemente tinham que enfrentar muitos desafios à sua autoridade e com isso, tiveram que desenvolver novas ferramentes e métodos para conter e prender os trangressores da lei. Desde então, um dos termos usado para designar os policiais japoneses era Keisatsukan. Na população masculina dominante de Edo, a competição era feroz. Com interações crescentes entre as várias classes e os quadros espasmódicos de um ambiente urbano rapidamente se expandindo, não é era de se supreender que temperamentos chamejaram frequentemente e confritos aconteciam. Fazer cumprir as leis durante esse período, significava quase sempre em violência. Com a população armada, manter discordâncias secundárias, frequentemente resultava em derramamento de sangue. Para manter o controle, oficiais da polícia e seus assistentes não-Samurai do período Edo desenvolveram muitas armas e técnicas interessantes contra encrenqueirosque estavam frequentemente armados e deseperados.

As armas do Antigo Japão eram muitas e variadas, com o passar dos tempos, algumas dessas armas se tornaram símbolo de idéias e classes sociais diferentes. Isto é, claro que sem generalização, mas a espada era normalmente associada com a classe alta, enquanto que a Naginata se tornou associada como arma de mulher, até mesmo a Yari ou lança foi até um certo ponto associado com a classe religiosa. O Jutte, porém, se tornou um símbolo de autoridade. Logicamente que essa relação não surgiu do dia para noite, a própria arma tem em primeira inspeção, pouca recomendação. É curta e assim limita seu usuário a técnicas principalmente defensivas. É um porrete de ferro ou aço com um gancho atravessado próximo ao cabo, porém, esse simples gancho é o que faz esta arma mais potente do que o esperado. O Jutte foi popular porque podia aparar o golpe de uma espada afiada e desarmar um agressor sem muitos danos. Essencialmente uma defesa ou contenção da arma, exigia ao usuário que ficasse extremamente perto do tansgressor pelo comprimento do Jutte.
Ao contrário do que alguns autores reivindicam, o Jutte não é uma "arma nova" ao japonês, não desenvolveu durante o período de Edo, mas, é muitomais antigo. Um estudo mais profundo, mostra que o Jutte evoluiu comumente de uma arma de campo de batalha, semelhante ao Jutte, chamada de Hachiwari ou Kabutowari (rachador de capacete), acreditada ter sido projetado por Goro Nyudo Masamune, um espadachim renomado. Essa arma consistia em uma barra de metal curva e pontiaguda, com um pequeno gancho perto da base do cabo. Era usado pelos guerreiros Samurai como um punhal/porrete auxiliar no combate. O Kabutowari foi provavelmente usado para aparar, usado na mão esquerda, enquanto brandia a espada com a mão direita, ou para perfurar o corpo do adversário entre as frestas do Yoroi (armadura). Porém, ainda sua origem é um mistério.

Essa arma foi conhecida por muitos nomes, o mais popular é Jutte, que literalmente significa "Dez mãos" (referindo-se a uma arma com força de dez mãos), sua arte é classificada de Juttejutsau e ainda hoje é treinada em algumas escolas como: Kukishin Ryû, Shintô Muso Ryû, Ikkaku Ryû e Katsujin Ryû.


sexta-feira, 18 de abril de 2008

Livro "A ARTE DA RESISTÊNCIA"


Para quem tem interesse e quiser saber mais sobre o Ninjutsu pode fazer o download desse livro aqui:
Infelizmente o livro não mais é vendido nas bancas, pois fez parte de uma coletânea sobre artes marciais e ficou por tempo limitado a venda!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Kusari Fundo


Pouco se sabe sobre a origem da corrente de metal; o ferro foi descoberto na China em 2.000 AC, porém somente séculos mais tarde foram usados com maior abundância quando se descobriu como extraí-lo do seu minério e fundi-lo. Possivelmente somente após o século XII a corrente tenha sido exportada para o Japão. A partir daí muitas armas foram criadas por necessidade e outras acidentalmente ou adaptadas com ela. Muitas dessas armas são conhecidas e utilizadas para treino nos dias atuais, enquanto outras se perderam no tempo e não mais foram vistas. Uma
delas, pouco conhecida e treinada em raríssimas escolas marciais é o Kusari Fundo (corrente lastreada), também conhecida como Manrikigusari (corrente com força de 10.000), uma simples corrente (Kusari) de vários comprimentos (normalmente entre 45 cm a 90 cm) e lastreada com um peso (Fundo) em cada extremidade. Pouco se sabe sobre a origem da corrente de elos e, conseqüentemente, dos artefatos que a utilizam. Possivelmente a maioria das armas conhecidas hoje com corrente foram anteriormente usadas com corda em seu lugar.

De acordo com um documento histórico, há um tipo similar ao Kusari Fundo chamado Konpi (Kon significa “ferro” e Pi “voar”) que foi usado como arma na Era da corte de Yoshino (ao redor 1350 d.C.). Existe ainda outra arma que possivelmente tenha sido oriunda da Konpi chamada Konpei, e outras formas foram criadas posteriormente com diversos nomes como o Gekigan ou Tamagusari, Fundogusari, Ryobundo Kusari, Sodegusari, Kusarijutte, Kanamari e inclusive o Manrikigusari e cada qual foi desenvolvido e utilizado de acordo com a arte marcial praticada.
No Kobudô de Okinawa também existe uma variação chamada Surujin (originalmente uma corda ou corrente mais longa que o Kusari Fundo lastreada em uma extremidade com um peso e na outra, com algum tipo de empunhadura, lâmina ou espeto) Essas armas são classificadas como Kakushi Buki Jutsu (arte das armas marciais secretas).
Poucos dados e informações contundentes sobre essa obscura arma foram encontrados, e quando algum fato é descrito em documentos e preservado até os nossos dias, acaba sendo naturalmente o tutor da origem dessa arma.
É o caso do Manrikigusari da Masaki Ryû (única escola remanescente especializada nessa arma). Outras escolas incluíram seu uso no currículo como é o caso da Hoen Ryû Taijutsu, Shuchin Ryû, Kyoshin Meichi Ryû Kenjutsu/Iaijutsu, Toda Ryû Kenjutsu, Shindo Ryû Jujutsu, Hikida Ryû Kenjutsu e Togakure Ryû Ninjutsu, Gyokushin Ryû Ninjutsu hoje encabeçada pelo Sôke (sucessor) Dr. Masaaki Hatsumi.

Há relatos que o idealizador dessa arma foi um Samurai da época, habilidoso espadachim com licenças de Naginatajutsu (Alabarda) de Seni Ryû e Kotoda Itto Ryû Bujutsu chamado Dannoshin (Tarodayu) Toshimitsu Masaki, nomeado sentinela chefe para a proteção do portão principal (Otemon) do Castelo de Edo (Tokyo). Eram responsabilidades de Masaki e seus discípulos, vigiar contra a intrusão de bandidos e outros inimigos. Masaki percebeu que se houvesse uma tentativa
de invasão ao portão, certamente resultaria em derramamento de sangue desnecessário.
As convicções de Masaki ditaram que tais batalhas sangrentas não deveriam acontecer, pois mancharia de sangue um importante e famoso portão considerado um local sagrado, contudo, o portão do castelo deveria ser defendido a todo custo. Com isso Masaki, durante algum tempo, estudou que tipo de arma seria mais apropriado. Por razões desconhecidas ele decidiu que o uso de uma corrente seria de alguma forma muito satisfatório, não só para defender contra inimigos desarmados, mas também armados. Assim ocorreu o nascimento do Manrikigusari.

Masaki então ensinou as técnicas de corrente aos seus discípulos e estudantes de espada, e fundou o Masaki Ryû. Em pouco tempo essa arma tornou-se proeminente em todo Japão. Pessoas surgiram de todos os cantos do país para conhecer e aprender as técnicas e segredos do Manrikigusari. É relatado que antes de Masaki apresentar ou ensinar suas técnicas de Manrikigusari a qualquer interessado, sempre instruía o adepto que o Manrikigusari não era para ser aplicado desnecessariamente e que só deveria ser utilizado com retidão. Masaki advertiu que a pessoa que o utilizasse para o mal, se destruiria física e espiritualmente. É dito que Masaki se curvava em forma de respeito ao apresentar o Manrikigusari, e com uma oração buscava transmitir um espírito bom nisto antes de apresentá-lo a alguém. Em seguida foi adotada a arte de Manrikigusari aos Samurais da Sede de Ogaki (Cidade de Ogaki, prefeitura de Gifu).

Hoje a Masaki Ryû é encabeçada pelo 10º Sôke (sucessor), Yumio Nawa que recebeu a tradição de seu avô 9ª Sôke Nawa Toyotoshi (um samurai do domínio de Mino-Ogaki encarregado da segurança regional) que introduziu uma arte complementar, chamada Edomachikata Jutte Torinawa Atsukaiyou (arte do porrete bifurcado e corda para aprisionar) no programa de Masaki Ryû. Em Tokyo Sensei Nawa transmite a arte a um número pequeno de alunos; é um prolífico escritor e consultor da cultura do período dos guerreiros japoneses. Além do Manrikigusari, Sensei Nawa também e conhecedor de Kusarigama (Foice com corrente) Jutte e Torinawa. É sabido que os Ninja praticaram um método aparente ao Kusari Fundo, o Shinobi Tenugui No Jutsu (técnicas de Ninjutsu de empregar uma toalha curta como uma arma) embrulhando uma pedra no fim ou no centro da toalha e carregavam esta arma ao redor de sua cintura ou escondendo-a dentro de sua roupa, como também a arte de usar o Sageo (corda de segurança da bainha “Saya” da espada) atado a alguma arma ou objeto.

Um golpe com um Kusari Fundo é devastador, a força gerada no giro dessa corrente lastreada é realmente impressionante e fatal. Por isso hoje ao treinar em um Dôjô (sala de treino) devem ser usadas Kusarigeiko (arma de treino), uma corda com nós nas extremidades ou Obi (faixa). Isto nos faz alcançar segurança e habilidade para usar objetos triviais como arma para autoproteção

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Reportagem do Jornal Metrópole


Ninjutsu: luta milenar oriental para guerreiros do século XXI

Publicado em: 26/01/2008

Hoje consideradas modalidades esportivas, as artes marciais surgiram devido à necessidade que os guerreiros tinham de se defender em batalhas e brigas, quando ainda não havia lei ou justiça nos países orientais. Esse principal objetivo das artes marciais foi esquecido com o passar do tempo e essas lutas transformaram-se em técnicas que buscam aperfeiçoar o físico e o espírito, além de visar também a competição.
Para o professor Roberto Alves, o único da modalidade na Baixada Santista, o Ninjutsu é a única que ainda preserva a essência das artes marciais, que tinham como base a garantia da sobrevivência. “Aqui os alunos aprendem a se defender. Não ensinamos ninguém a sair por aí aplicando golpes ou batendo, apenas mostramos como se garantir numa situação onde há risco de morte”.
Diferentemente de outras modalidades, para praticar o Ninjutsu o aluno precisa antes passar por uma entrevista. “É necessário fazer uma classificação, porque ensino técnicas que podem ser usadas de maneira errada por pessoas de má índole. Aqui ninguém participa de competição, porque se o objetivo da arte é sobreviver, não existe competição”. Uma das primeiras lições que os alunos aprendem é: não reagir nunca por algo material. “Apenas se sua vida ou a vida de alguém estiver em risco, você deve usar a arte marcial”.
O Ninjutsu busca, na verdade, uma liberdade total, ou seja, manter a mente e o corpo abertos. “É uma arte marcial que não tem forma, porque você não sabe o que vai acontecer numa situação de perigo. O praticante tem que reeducar o corpo e organizá-lo, para conquistar a liberdade de movimentos”.

Benefícios

Além das técnicas de sobrevivência, quem pratica o ninjutsu conquista, também, uma série de benefícios físicos e mentais. Isso ocorre porque a arte marcial busca “alcançar a iluminação”, ou seja, ver a vida de forma simples. “Os praticantes aprendem a ver qualquer situação como algo que se pode resolver. Dessa forma, conquistam a autoconfiança e tornam-se pessoas melhores”.Ao participar das aulas, os alunos também têm uma melhora na postura, coordenação motora e equilíbrio. Pessoas que sofrem de ansiedade, estresse e depressão também encontrarão ajuda praticando o ninjutsu. “Aqui a pessoa começa a se sociabilizar, a ser mais forte e a encarar os medos, pois adquire confiança. Ela aprende a lidar com a força e com a dor, que fazem parte do nosso dia-a-dia”.
TécnicaNas aulas, além dos golpes os alunos aprendem também a utilizar algumas armas como bastões, espadas e correntes. “Trabalhamos a técnica, a utilização das armas e a parte didática”.Interessados em participar das aulas devem procurar a academia FIT Santos, à Rua Padre Anchieta, 187, Macuco, Santos, telefone 3234-2376. Informações sobre o Ninjutsu pelo site http://www.uwbk@uwbk.com.br/

Amanda Barbieri
Matéria publicada na edição 138 do jornal Metrópole

sábado, 20 de outubro de 2007

A ciência do Taijutsu moderno


O Taijutsu é subdividido em várias seções. Uma delas, exclusiva do Ninjutsu (a arte Ninja) é chamada Taihenjutsu (a arte de movimentar o corpo), na qual são treinados rolamentos, saltos, esquivas, posturas, formas de caminhar, e outros.
Culturalmente, a prática marcial tradicional, ainda hoje, é vista como rígida e metódica. No passado, o treino marcial era ainda mais rígido, sendo que o mestre ensinava e o aluno repetia, sem jamais questionar qualquer exercício ou técnica.
Nos dias de hoje, embora ainda rígido, no treinamento os alunos encontram liberdade para perguntas e discursos saudáveis, e um professor bem preparado pode expressar a teoria implícita em determinado exercício ou técnica mostrada.
Usando as ciências, como por exemplo a Biomecânica e Cinesiologia, pode-se mostrar o “porquê” de uma postura ou movimento, e como deve este ser feito para melhor desempenho do golpe, evitando o desperdício de energia. Com a Anatomia e Fisiologia, esclarece-se o efeito de um golpe
em um determinado local do corpo; com a Física mostra-se as leis da natureza de uma forma aplicada, como por exemplo a força centrifuga e centrípeta, atração gravitacional, ação e reação, contração e expansão... Ou seja, arte marcial é uma ciência, e sempre foi!
Se eu perguntar ao leitor desse texto porque praticaria artes marciais, a sua resposta poderia ser “para me defender”, “preciso perder uns quilinhos”, “quero melhorar minha flexibilidade” ou “meu sistema cardio-respiratório”, etc.... ótimo, mas tudo isso é conseqüência da prática. Porém, se você tiver que aprender todas aquelas técnicas de golpes, chutes, alavanca, esquiva, salto, rolamento, arremesso, etc., você na certa responderia que isso se aprende com o tempo. Exatamente! Volto a dizer: isso tudo é conseqüência! Você poderá aprender milhares de técnicas e movimentos, mas não passará de um “robô”, programado a fazer tudo isso. Todavia, no Taijutsu, o treinamento não se limita à simples prática de técnicas ou exercícios físicos, mas trazem o mais importante, não somente para a prática marcial, mas para qualquer atividade da
vida, que é o Tairyôshin (consciência corporal).
Dessa maneira, o corpo se organiza, e tudo fica muito mais fácil. Não podemos mudar nossa própria natureza, ou melhorar nossa constituição, através de uma simples atitude voluntária consciente, mas podemos resgatar nosso conteúdo original. Somos seres de um potencial enorme, e não sabemos usufruir dele, por não termos consciência de nós mesmos. Podemos, através do Tairyôshin, nos tornar mais íntimos de nosso corpo, saindo do caminho de regressão física que o ser humano se encontra.
Vejamos algumas seções importantes dentro do treinamento:

Respiração e Mentalização

É sabido que podemos ficar semanas sem comer e dias sem beber, mas apenas alguns minutos sem respirar, o que mostra a importância da respiração. Reeducando nosso modo de respirar, mudamos o trabalho do cérebro e ganhamos o controle sobre o sistema imunológico e a saúde mental. Através da mentalização (imagem mental), que resulta na tensão inconsciente dos músculos apropriados e na concentração, o sangue carregado chega até um lugar designado, promovendo a saúde e o bem estar geral, podendo inclusive ter efeitos mais profundos, em nível orgânico, hormonal, psíquico e energético.

Tonicidade

A tonicidade trabalha no relaxamento e distonia da musculatura. O objetivo da prática é fazer com que possamos usar as atividades dos músculos sem desperdícios, aprendendo a relaxá-los e tencioná-los quando necessário, mantendo o corpo desbloqueado.

Flexibilidade e força

“Quando o homem nasce ele é flexível e mole, morto ele é rígido e duro”.
Nos exercícios do Taijutsu (Jûnan Taisô), trabalhamos sobre dois tipos de músculos:
Fracos – São fortalecidos através de exercícios repetitivos, com rápidas contrações e relaxamentos ;

Retesados – Tornam-se mais flexíveis, através de exercícios de estiramento relaxado, mantendo a postura, alongando determinados grupos e articulações, enquanto se relaxam outros.
A força é produzida através da flexibilidade e exercícios naturais. Os músculos e articulações são exercitados para acentuar suas qualidades e força natural, sem exageros.

Equilíbrio e centralização

É semelhante à arquitetura de uma casa, em que, dentre todo o conjunto de cômodos, existe sempre uma área que se torna o centro, atraindo toda a energia e direcionando todas as atividades. Manter o corpo equilibrado significa ter uma boa postura “dos pés à cabeça”. Os exercícios reeducam nossa postura, para manter-nos em nosso “eixo”, que não é somente físico,
mas também mental e espiritual.

Coordenação motora e psicomotricidade

É a qualidade que está intimamente ligada à nossa capacidade física e mental, permitindo-nos assumir a consciência e a execução, levando à integração progressiva de aquisições, favorecendo a uma ação dos diversos grupos musculares na seqüência de movimentos, com o máximo de eficiência e economia. Atua também nas inter-relações harmônicas, que constituem a unidade do ser humano e sua convivência com os demais.

Postura

Quando falamos da postura de uma pessoa, logo pensamos em sua forma estética. Na prática do Taijutsu, os exercícios são destinados tanto à reeducação da postura externa quanto da interna. A postura de “adultos independentes” nos afasta da “criança” que carregamos dentro de nós, limitando-nos fisicamente. Na prática do Taijutsu, ter uma coluna flexível e saudável é fundamental, colaborando com a prevenção de muitas doenças.

Noção espacial

O Taijutsu é muitas vezes chamado de “A arte da distância”. Um mestre que domina seu espaço jamais será derrotado. A prática traz, com o tempo, essa noção de espaço, que acreditamos já dominar, mas estamos longe disso!

Estimulo sensitivo

“A maioria não vive, é vivenciado pelos acontecimentos”.
O cotidiano, juntamente com a falta de movimento (exercícios) nos torna seres robóticos e insensíveis. Os exercícios de estímulo sensitivo, juntamente com a gradativa reeducação e conscientização corporal, nos transformam em seres mais sensíveis aos pequenos sinais do corpo e gestos da vida, melhorando não somente os sentidos básicos, mas indo além deles.

Sentimento

Somos seres bipolarizados, integramos sempre “os dois lados da moeda”. Porém, queremos sempre viver o lado “claro” e ignorar o lado “escuro”, que existe e faz parte do universo que nos cerca. É impossível eliminar os sentimentos considerados ruins (medo, raiva, egoísmo, ansiedade, etc.) pois fazem parte importante de nosso íntimo. Devemos, sim, ser mais sensíveis
para aceitar, controlar e equilibrar nossos sentimentos.

Auto-observação

Ao desenvolvermos uma maior consciência de nosso corpo, com a prática dos exercícios, nos tornamos auto-observadores, tendo uma maior intimidade, percebendo e aceitando os sutis sinais que nosso corpo nos envia, nos policiando melhor e prevenindo os males à saúde.

Matéria da revista Fighter Magazine

Junan Taisô e Tairyôshin


O Junan Taisô (exercício de flexibilidade) contribui para conferir a habilidade e a sensibilidade necessárias para a prática segura do Taijutsu.

Através daquele, é obtida força exercitando os músculos e articulações, com o objetivo de acentuar sua flexibilidade e elasticidade naturalmente, sem exagero ou esforço demasiado, evitando assim eventuais distensões.

O Junan Taisô, juntamente com uma dieta equilibrada, proporciona um corpo flexível e forte, melhorando a saúde geral de forma natural, até mesmo em pessoas com idade avançada.

O Junan Taisô utiliza, entre outras técnicas, o Shin Kokyu Hô (técnicas de respiração profunda), Keikomae Zenshin Anma (massagem em todo o corpo antes do início do treino), Ryutai Undo Happô (oito maneiras de exercitar o “corpo dragão” - o termo Happô está relacionado a oito determinadas partes do corpo).

A prática auxilia no desenvolvimento da musculatura, da seguinte forma:

• Musculatura fraca – através de vigorosos exercícios repetitivos, os músculos enfraquecidos
pela falta de treino serão contraídos e relaxados de forma sistemática, levados a uma fadiga local ou geral, resultando em seu enrijecimento e fortalecimento;
• Musculatura retesada – torna-se mais flexível através de extensão relaxada, similar ao Yoga, que é caracterizada por postura sustentada durante um determinado tempo.

Juntamente com o ensino do Junan Taisô, o autor da presente obra ministra também, em sua escola (Urawaza Dôjô) o Tairyôshin (consciência corporal), método por ele desenvolvido como resultado da prática junto ao seu mestre, Sensei Rashid, que, por sua vez, é criador de um método denominado “Moco” (Movement Concept).

Segundo a máxima Ninja, o corpo é um manancial infinito de sabedoria. Assim sendo, o Tairyôshin tem como objetivo principal reeducá-lo, auxiliando a redescoberta do potencial natural deste, vindo, por conseqüência, a expandir a mente e a melhorar expressivamente a qualidade de vida do praticante.