sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TATSUDOSHI (ANO DO DRAGÃO)



辰年 TATSUDOSHI
(ANO DO DRAGÃO)
A partir de 3 de Fevereiro do ano 2012, estaremos no ano 4710 do calendário chinês ou o ano do dragão. Um fabuloso e místico ser que há séculos vem povoando o imaginário das pessoas de todas as idades no mundo inteiro. Influenciados sob vários aspectos pela cultura chinesa, os japoneses também adotaram o costume de atribuir a cada ano as características de um dos 12 animais do zodíaco chinês, com algumas adaptações.

Em japonês, o ano do dragão chama-se
辰年 Tatsudoshi. Existem na astrologia chinesa 12 signos, identificados pelos nomes de 12 animais. Embora não se saiba ao certo por que foram escolhidos precisamente esses 12 animais, diz uma lenda que, em um certo Ano Novo, Buda convidou todos os animais do reino a irem a seu encontro. Por motivos ignorados, apenas 12 compareceram.
O primeiro a chegar foi o rato, seguido do boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e javali. Como forma de agradecer aos animais que atenderam a seu convite, Buda decidiu atribuir aos anos o nome de cada um deles, e aqueles que nascessem durante um determinado ano herdariam algo da personalidade do animal correspondente. O Dragão é o único dos animais do zodíaco chinês que não é real.
Na astrologia chinesa o dragão é visto como um ser todo-poderoso porque foi composto de partes diferentes de animais como o tigre, peixe, cobra e águia.
Os dragões japoneses são criaturas diversas e lendárias na mitologia e folclore. Os mitos de dragões japoneses amalgamam lendas nativas com histórias importadas da China, Korea e Índia. O estilo do dragão foi grandemente influenciado pelo seu descendente chinês. Como nesses outros dragões asiáticos, a maioria dos dragões japoneses são deidades da água associadas com a chuva e massas d’água, e é descrito tipicamente como grandes criaturas, ápteras, serpenteadas e com garras.
Muitos nomes de dragão japoneses são palavras de empréstimo do chinês. Por exemplo, as contrapartes japonesas dos Quatro Símbolos astrológicos são:
青龍 Seiryū - Qinglong “Dragão Azul”
朱雀 Suzaku - Zhuque “Fênix Vermelho”
白虎 Byakko - Baihu “Tigre Branco”
玄武 Genbu - Xuanwu “Tartaruga Preta"
四竜 Shiryû japonês "os 4 dragões [reis] " ou os lendários 龍王 Longwang "Reis Dragões" chineses que regem os quatro mares.
敖廣 Gōkō - Aoguang "Rei Dragão do Leste Mar”
敖欽 Gōkin - Aoqin "Rei Dragão do Mar Sul”
敖閏 Gōjun - Aorun "Rei Dragão do Mar Oeste”
敖順 Gōjun - Aoshun "Rei Dragão do Mar Norte”

Uma pessoa nascida no ano do dragão é tida como dotada de forte personalidade. Tem carisma, é inteligente, determinada, autoconfiante, defende suas próprias opiniões e pode assumir controle e lidar bem com qualquer tipo de problema.
O Dragão com influência Água tem as características benéficas como: Comunicação, Intuição, Sensitividade, Simpatia, Interatividade, Persuasão e Flexibilidade e seus aspectos negativos são: inconstância, passividade, volutibilidade.
Porém, como todos os demais signos, a pessoa nascida no ano do dragão tem também seus defeitos. Por sua personalidade dominante, chega às vezes a ser ditatorial. Não gosta de ouvir conselhos alheios, é muito arrogante, tem pouca paciência. Raramente concorda com os mais velhos, é seco e direto.
Pesando os prós e contras, o dragão é visto geralmente como o mais desejável dos signos. Segundo dizem, quem nasce no ano do dragão é talhado para o sucesso e a prosperidade. Os chineses levam tão a sério esta profecia que, em anos do dragão, a taxa de natalidade costuma subir na China.
Além dos 12 signos do Zodíaco chinês, há ainda cinco elementos ou 五行 Gogyô - metal, água, madeira, fogo e terra - que exercem influência sobre os signos, acentuando suas características. O ano do Dragão é considerado pelos orientais o melhor ano para as realizações, porém, conforme sua influencia com os elementos, devemos diferenciá-las:

16/02/1904 a 03/02/1905 - MADEIRA
03/02/1916 a 22/01/1917 - FOGO
23/01/1928 a 09/02/1929 - TERRA
08/02/1940 a 26/01/1941 - METAL
27/01/1952 a 13/02/1953 - ÁGUA

13/02/1964 a 01/02/1965 - MADEIRA
31/01/1976 a 17/02/1977 - FOGO
16/02/1988 a 05/02/1989 - TERRA
06/02/2000 a 24/01/2001 – METAL
27/01/2012 a 13/02/1953 - ÁGUA

Provérbios:
がねらう
Ryû no hige o Ari ga nerau
“A formiga que encara o dragão. Metáfora do mais fraco que, sem consciência de sua própria limitação, tenta opor-se ao mais forte”.

寸にして昇天の気あり
Ryû wa issun nishite shôten o ki ari
“O gênio se manifesta já na infância”.

画龍点睛
Garyô tensei
Literalmente, "finalizar os olhos da pintura de um dragão". Refere-se genericamente ao toque final que falta para a conclusão de uma coisa.

登竜門
Tôryûmon
“Porta de entrada para o sucesso”.

竜頭蛇尾
Ryûtô dabi
"Cabeça de dragão, cauda de serpente". Uma coisa que começa com todo vigor, mas não dura muito (assim como o dragão, cuja cabeça impressiona, mas a cauda nem tanto).

REIHÔ


礼法

REIHÔ

O Reihô é literalmente traduzido como “Modos de reverências”, mas, pode ser traduzido como "etiqueta", "maneiras" ou "cortesia." É uma conduta enraizada profundamente na cultura japonesa, e essa conduta é mostrada não somente nas artes marciais japonesas tradicionais, mas, em quase todas as atividades. Para muitas culturas ocidentais pode parecer uma "cerimônia" ou um "ritual", ato até religioso, porém, não é o caso. Essa conduta é elemento da formalidade e disciplina japonesa e é um ato considerado como educação, controle e respeito.
O que conhecemos como Kata ou forma é vista em cada ato da vida japonesa, em alguns casos esses comportamentos são mais específicos dependendo da circunstância. Um exemplo bem definido dessa formalidade é vista no 茶の湯 Chanoyu ou Cerimônia do Chá, ou condutas corriqueiras como ao entrar em uma casa japonesa, onde os calçados são deixados na entrada (玄関 Genkan).
Nas Artes Marciais, o Reihô é uma formalidade ainda mais importante e especifica. Foi graças a essa formalidade que muitos Bushi evitaram situações de conflito. A etiqueta foi uma necessidade fundamental na convivência entre os guerreiros. Um guerreiro tinha que agir minuciosamente conforme as regras de etiqueta, como ao entrar em uma habitação, retirar sua espada ou fixá-la na presença de outro guerreiro, mesmo ao sentar-se ou ficar de pé, existia seu lugar segundo as regras. Um exemplo pode ser mostrado ao sentar-se em Seiza (sobre os calcanhares), a forma incorreta de sentar poderia acarretar duas situações perigosas. Uma, a não encostar os glúteos sobre os calcanhares, um oponente repentino poderia aproveitar a falta de estrutura ou Kuzushi para atacá-lo. Dois, poderia parecer que essa elevação dos quadris fosse uma reação ou ameaça de ataque, e com isso, um conflito surgiria.
Hoje, nas práticas marciais tradicionais, a necessidade da etiqueta e mais formalidade e menos necessidade de sobrevivência, porem, por estarmos treinando técnicas perigosas e muitas vezes fatais, devemos mostrar todo nosso autocontrole, respeito e disciplina com o companheiro, o ambiente e as armas de treino. O estado de 残心 Zanshin (coração, mente e espírito alerta) deve ser permanente, e o reflexo dessa disciplina será transposto para o cotidiano, aprendendo a respeitar a vida e nosso semelhante.
E também pelo respeito à tradição ancestral, já que estamos recebendo e repassando conhecimentos seculares ou mesmo milenar de uma cultura diferente da nossa, e por tanto, devemos nos comportar com esse espírito integrado a todas essas tradições.
O respeito, disciplina, gratidão e comprometimento na prática de qualquer arte tradicional no Japão têm uma conotação muito diferente ao visto no ocidente. Esses valores são realmente levados a sério pelos orientais.
Em geral, no ocidente o comprometimento dura enquanto houver algum retorno, seja ele prazeroso ou material. A intolerância, impaciência e o imediatismo ocidental fazem com que ele enxergue qualquer empecilho ou dificuldade como desculpa para sua falta de disciplina, paciência e comprometimento, ao invés de colocá-los como parte de sua batalha para seu desenvolvimento pessoal.
Conduta dentro do Dôjô:
Ao entrar no Dôjô, cumprimente com 自然礼 Shizen Rei (reverência em pé) os que já estejam presente dizendo: お早うございます Ohayô Gozaimasu (Bom dia), 今日 Konnichiwa: (Boa Tarde, também usada a qualquer hora do dia como oi ou olá) ou 今晩は Konbanwa (boa noite ao cumprimentar). Se você já está no Dôjô deve-se levantar e cumprimentar o 先生 Sensei (professor) quando ele chegar.
Antes de entrar no Tatami, vire-se para o 上座 Kamiza (local onde se encontra o 神棚 Kamidana ou santuário) e reverencie com 自然礼 Shizen Rei. Se você chegar atrasado, arrume-se depressa e espere a autorização do Sensei para entrar no Dôjô, imediatamente vá ao canto do Tatami e direcionado ao Kamiza sente-se em 正座 Seiza e cumprimente em 正座礼 Seizarei (saudação sentado), logo após reverencie o 先生 Sensei.
No início da aula o Sensei poderá dizer でわ稽古を始まる Dewa Keiko Wo Hajimeru (vamos começar o treino) ou simplesmente どうぞ Dozô. O Senpai (aluno avançado) pedirá a todos para sentar-se dizendo: お掛け下さい Okake Kudasai e alinhar dizendo: 整列下さい Seiretsu Kudasai. Todos os praticantes se alinharão em Seiza de frente ao Kamiza, obedecendo à graduação de faixa, e dentro das faixas, por idade. O Sensei sentará em Seiza de frente a classe.
O 先輩 Senpai ou o Sensei instruirá para executar o 黙想 Mokusô (concentração para o treino). Todos colocarão as mãos sobre o colo em 定印 Jôin (mudra com a mão direita em cima da esquerda e os polegares tocando-se ligeiramente), o olhos se fecham, mas não completamente, com as pálpebras relaxadas. Após alguns minutos, o Sensei encerrará dizendo 黙想止め Mokusô Yame (pare a concentração). Todos abrirão os olhos e colocarão as mãos nas coxas.
Agora iniciará o 神前礼 Shinzen Rei (saudação de frente a santuário). O Sensei se virará de frente ao Kamidana e colocará suas mãos em 合掌 Gasshô (gesto com as palmas juntas) e os estudantes repetem o gesto. Então o Sensei recita o 言霊 Kotodama (uma forma de mantra, traduzido como “dizeres espirituais”): 千早振る 神の教えは 永久に 正しき 心身を守るらん Chihayafuru Kami No Oshiewa Tokoshieni Tadashiki Kokoro Mi Wo Mamoruran (1000 tremores rápidos (recorre a purificar a área)... Os ensinamentos de Deus nunca mudam ao longo da eternidade e o protegerá se você tiver uma mente/coração/espírito correto), e após ele continua: 詞韻波羅蜜大光明 Shikin Haramitsu Daikomyô (Os sons das palavras está em nosso alcance para perfeição e nos conduzirão à iluminação), então todos repetem a última parte. Logo todos então batem palmas (拍掌 Hakushô) duas vezes, executam uma reverência, e bate uma vez mais seguida por outra reverência.
Agora se faz o Shi Rei ou reverência ao Sensei. O professor se vira de frente a classe e então o 先輩 Senpai comandará para todos corrigir a postura e se curvar ao professor dizendo 姿勢を正して、先生に礼 Shisei Wo Tadashite, Sensei Ni Rei. Os estudantes então reverenciam o Sensei, enquanto ele faz o mesmo aos estudantes, com todos dizendo 御願いします Onegai Shimasu (Por favor, me ajude). Se o professor não estiver e for o Senpai que conduzirá a aula, ele diz 姿勢を正して、神前に礼 Shisei Wo Tadashite, Shinzen Ni Rei (arrumem suas posturas, cumprimentem o santuário). Tradicionalmente quando o Sensei não está na aula o Senpai não vai para frente da classe onde o professor senta, ele fica no lugar habitual.
Ao término da aula o Sensei pode anunciar dizendo 稽古終わり Keiko Owari. O Senpai novamente pede a todos que se sentem alinhados, o Sensei se colocará novamente em frente aos alunos e então é repetido o Mokusô conforme o comando. Ao terminar o Mokusô os procedimentos continuam como no início, porém, ao reverenciarem o Sensei é dito 有難う御座いました Arigatô Gozaimashita: Obrigado. O Sensei irá se levantar, e somente após ter saído do Kamiza, os alunos se levantarão.
Ao sair do Tatami execute o Shizen Rei, e quando for se despedir dos companheiros no Dôjô despesa dizendo: Oyasumi Nasai (boa noite) ou Shitsurei Shimasu (mais formal - me perdoe vou partindo). Conforme o processo de amizade entre os demais praticantes, algumas formalidades, são dispensadas. Outros dizeres podem ser: Sayonara (até logo), ではまた Dewa Mata (te vejo depois ou até a próxima), また明日 Mata Ashita (até amanhã).

Quando houver qualquer erro de conduta dentro do Dôjô, imediatamente se curve dizendo 御免なさい Gomen Nasai (Desculpe-me).