sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

TATSUDOSHI (ANO DO DRAGÃO)



辰年 TATSUDOSHI
(ANO DO DRAGÃO)
A partir de 3 de Fevereiro do ano 2012, estaremos no ano 4710 do calendário chinês ou o ano do dragão. Um fabuloso e místico ser que há séculos vem povoando o imaginário das pessoas de todas as idades no mundo inteiro. Influenciados sob vários aspectos pela cultura chinesa, os japoneses também adotaram o costume de atribuir a cada ano as características de um dos 12 animais do zodíaco chinês, com algumas adaptações.

Em japonês, o ano do dragão chama-se
辰年 Tatsudoshi. Existem na astrologia chinesa 12 signos, identificados pelos nomes de 12 animais. Embora não se saiba ao certo por que foram escolhidos precisamente esses 12 animais, diz uma lenda que, em um certo Ano Novo, Buda convidou todos os animais do reino a irem a seu encontro. Por motivos ignorados, apenas 12 compareceram.
O primeiro a chegar foi o rato, seguido do boi, tigre, coelho, dragão, serpente, cavalo, carneiro, macaco, galo, cão e javali. Como forma de agradecer aos animais que atenderam a seu convite, Buda decidiu atribuir aos anos o nome de cada um deles, e aqueles que nascessem durante um determinado ano herdariam algo da personalidade do animal correspondente. O Dragão é o único dos animais do zodíaco chinês que não é real.
Na astrologia chinesa o dragão é visto como um ser todo-poderoso porque foi composto de partes diferentes de animais como o tigre, peixe, cobra e águia.
Os dragões japoneses são criaturas diversas e lendárias na mitologia e folclore. Os mitos de dragões japoneses amalgamam lendas nativas com histórias importadas da China, Korea e Índia. O estilo do dragão foi grandemente influenciado pelo seu descendente chinês. Como nesses outros dragões asiáticos, a maioria dos dragões japoneses são deidades da água associadas com a chuva e massas d’água, e é descrito tipicamente como grandes criaturas, ápteras, serpenteadas e com garras.
Muitos nomes de dragão japoneses são palavras de empréstimo do chinês. Por exemplo, as contrapartes japonesas dos Quatro Símbolos astrológicos são:
青龍 Seiryū - Qinglong “Dragão Azul”
朱雀 Suzaku - Zhuque “Fênix Vermelho”
白虎 Byakko - Baihu “Tigre Branco”
玄武 Genbu - Xuanwu “Tartaruga Preta"
四竜 Shiryû japonês "os 4 dragões [reis] " ou os lendários 龍王 Longwang "Reis Dragões" chineses que regem os quatro mares.
敖廣 Gōkō - Aoguang "Rei Dragão do Leste Mar”
敖欽 Gōkin - Aoqin "Rei Dragão do Mar Sul”
敖閏 Gōjun - Aorun "Rei Dragão do Mar Oeste”
敖順 Gōjun - Aoshun "Rei Dragão do Mar Norte”

Uma pessoa nascida no ano do dragão é tida como dotada de forte personalidade. Tem carisma, é inteligente, determinada, autoconfiante, defende suas próprias opiniões e pode assumir controle e lidar bem com qualquer tipo de problema.
O Dragão com influência Água tem as características benéficas como: Comunicação, Intuição, Sensitividade, Simpatia, Interatividade, Persuasão e Flexibilidade e seus aspectos negativos são: inconstância, passividade, volutibilidade.
Porém, como todos os demais signos, a pessoa nascida no ano do dragão tem também seus defeitos. Por sua personalidade dominante, chega às vezes a ser ditatorial. Não gosta de ouvir conselhos alheios, é muito arrogante, tem pouca paciência. Raramente concorda com os mais velhos, é seco e direto.
Pesando os prós e contras, o dragão é visto geralmente como o mais desejável dos signos. Segundo dizem, quem nasce no ano do dragão é talhado para o sucesso e a prosperidade. Os chineses levam tão a sério esta profecia que, em anos do dragão, a taxa de natalidade costuma subir na China.
Além dos 12 signos do Zodíaco chinês, há ainda cinco elementos ou 五行 Gogyô - metal, água, madeira, fogo e terra - que exercem influência sobre os signos, acentuando suas características. O ano do Dragão é considerado pelos orientais o melhor ano para as realizações, porém, conforme sua influencia com os elementos, devemos diferenciá-las:

16/02/1904 a 03/02/1905 - MADEIRA
03/02/1916 a 22/01/1917 - FOGO
23/01/1928 a 09/02/1929 - TERRA
08/02/1940 a 26/01/1941 - METAL
27/01/1952 a 13/02/1953 - ÁGUA

13/02/1964 a 01/02/1965 - MADEIRA
31/01/1976 a 17/02/1977 - FOGO
16/02/1988 a 05/02/1989 - TERRA
06/02/2000 a 24/01/2001 – METAL
27/01/2012 a 13/02/1953 - ÁGUA

Provérbios:
がねらう
Ryû no hige o Ari ga nerau
“A formiga que encara o dragão. Metáfora do mais fraco que, sem consciência de sua própria limitação, tenta opor-se ao mais forte”.

寸にして昇天の気あり
Ryû wa issun nishite shôten o ki ari
“O gênio se manifesta já na infância”.

画龍点睛
Garyô tensei
Literalmente, "finalizar os olhos da pintura de um dragão". Refere-se genericamente ao toque final que falta para a conclusão de uma coisa.

登竜門
Tôryûmon
“Porta de entrada para o sucesso”.

竜頭蛇尾
Ryûtô dabi
"Cabeça de dragão, cauda de serpente". Uma coisa que começa com todo vigor, mas não dura muito (assim como o dragão, cuja cabeça impressiona, mas a cauda nem tanto).

REIHÔ


礼法

REIHÔ

O Reihô é literalmente traduzido como “Modos de reverências”, mas, pode ser traduzido como "etiqueta", "maneiras" ou "cortesia." É uma conduta enraizada profundamente na cultura japonesa, e essa conduta é mostrada não somente nas artes marciais japonesas tradicionais, mas, em quase todas as atividades. Para muitas culturas ocidentais pode parecer uma "cerimônia" ou um "ritual", ato até religioso, porém, não é o caso. Essa conduta é elemento da formalidade e disciplina japonesa e é um ato considerado como educação, controle e respeito.
O que conhecemos como Kata ou forma é vista em cada ato da vida japonesa, em alguns casos esses comportamentos são mais específicos dependendo da circunstância. Um exemplo bem definido dessa formalidade é vista no 茶の湯 Chanoyu ou Cerimônia do Chá, ou condutas corriqueiras como ao entrar em uma casa japonesa, onde os calçados são deixados na entrada (玄関 Genkan).
Nas Artes Marciais, o Reihô é uma formalidade ainda mais importante e especifica. Foi graças a essa formalidade que muitos Bushi evitaram situações de conflito. A etiqueta foi uma necessidade fundamental na convivência entre os guerreiros. Um guerreiro tinha que agir minuciosamente conforme as regras de etiqueta, como ao entrar em uma habitação, retirar sua espada ou fixá-la na presença de outro guerreiro, mesmo ao sentar-se ou ficar de pé, existia seu lugar segundo as regras. Um exemplo pode ser mostrado ao sentar-se em Seiza (sobre os calcanhares), a forma incorreta de sentar poderia acarretar duas situações perigosas. Uma, a não encostar os glúteos sobre os calcanhares, um oponente repentino poderia aproveitar a falta de estrutura ou Kuzushi para atacá-lo. Dois, poderia parecer que essa elevação dos quadris fosse uma reação ou ameaça de ataque, e com isso, um conflito surgiria.
Hoje, nas práticas marciais tradicionais, a necessidade da etiqueta e mais formalidade e menos necessidade de sobrevivência, porem, por estarmos treinando técnicas perigosas e muitas vezes fatais, devemos mostrar todo nosso autocontrole, respeito e disciplina com o companheiro, o ambiente e as armas de treino. O estado de 残心 Zanshin (coração, mente e espírito alerta) deve ser permanente, e o reflexo dessa disciplina será transposto para o cotidiano, aprendendo a respeitar a vida e nosso semelhante.
E também pelo respeito à tradição ancestral, já que estamos recebendo e repassando conhecimentos seculares ou mesmo milenar de uma cultura diferente da nossa, e por tanto, devemos nos comportar com esse espírito integrado a todas essas tradições.
O respeito, disciplina, gratidão e comprometimento na prática de qualquer arte tradicional no Japão têm uma conotação muito diferente ao visto no ocidente. Esses valores são realmente levados a sério pelos orientais.
Em geral, no ocidente o comprometimento dura enquanto houver algum retorno, seja ele prazeroso ou material. A intolerância, impaciência e o imediatismo ocidental fazem com que ele enxergue qualquer empecilho ou dificuldade como desculpa para sua falta de disciplina, paciência e comprometimento, ao invés de colocá-los como parte de sua batalha para seu desenvolvimento pessoal.
Conduta dentro do Dôjô:
Ao entrar no Dôjô, cumprimente com 自然礼 Shizen Rei (reverência em pé) os que já estejam presente dizendo: お早うございます Ohayô Gozaimasu (Bom dia), 今日 Konnichiwa: (Boa Tarde, também usada a qualquer hora do dia como oi ou olá) ou 今晩は Konbanwa (boa noite ao cumprimentar). Se você já está no Dôjô deve-se levantar e cumprimentar o 先生 Sensei (professor) quando ele chegar.
Antes de entrar no Tatami, vire-se para o 上座 Kamiza (local onde se encontra o 神棚 Kamidana ou santuário) e reverencie com 自然礼 Shizen Rei. Se você chegar atrasado, arrume-se depressa e espere a autorização do Sensei para entrar no Dôjô, imediatamente vá ao canto do Tatami e direcionado ao Kamiza sente-se em 正座 Seiza e cumprimente em 正座礼 Seizarei (saudação sentado), logo após reverencie o 先生 Sensei.
No início da aula o Sensei poderá dizer でわ稽古を始まる Dewa Keiko Wo Hajimeru (vamos começar o treino) ou simplesmente どうぞ Dozô. O Senpai (aluno avançado) pedirá a todos para sentar-se dizendo: お掛け下さい Okake Kudasai e alinhar dizendo: 整列下さい Seiretsu Kudasai. Todos os praticantes se alinharão em Seiza de frente ao Kamiza, obedecendo à graduação de faixa, e dentro das faixas, por idade. O Sensei sentará em Seiza de frente a classe.
O 先輩 Senpai ou o Sensei instruirá para executar o 黙想 Mokusô (concentração para o treino). Todos colocarão as mãos sobre o colo em 定印 Jôin (mudra com a mão direita em cima da esquerda e os polegares tocando-se ligeiramente), o olhos se fecham, mas não completamente, com as pálpebras relaxadas. Após alguns minutos, o Sensei encerrará dizendo 黙想止め Mokusô Yame (pare a concentração). Todos abrirão os olhos e colocarão as mãos nas coxas.
Agora iniciará o 神前礼 Shinzen Rei (saudação de frente a santuário). O Sensei se virará de frente ao Kamidana e colocará suas mãos em 合掌 Gasshô (gesto com as palmas juntas) e os estudantes repetem o gesto. Então o Sensei recita o 言霊 Kotodama (uma forma de mantra, traduzido como “dizeres espirituais”): 千早振る 神の教えは 永久に 正しき 心身を守るらん Chihayafuru Kami No Oshiewa Tokoshieni Tadashiki Kokoro Mi Wo Mamoruran (1000 tremores rápidos (recorre a purificar a área)... Os ensinamentos de Deus nunca mudam ao longo da eternidade e o protegerá se você tiver uma mente/coração/espírito correto), e após ele continua: 詞韻波羅蜜大光明 Shikin Haramitsu Daikomyô (Os sons das palavras está em nosso alcance para perfeição e nos conduzirão à iluminação), então todos repetem a última parte. Logo todos então batem palmas (拍掌 Hakushô) duas vezes, executam uma reverência, e bate uma vez mais seguida por outra reverência.
Agora se faz o Shi Rei ou reverência ao Sensei. O professor se vira de frente a classe e então o 先輩 Senpai comandará para todos corrigir a postura e se curvar ao professor dizendo 姿勢を正して、先生に礼 Shisei Wo Tadashite, Sensei Ni Rei. Os estudantes então reverenciam o Sensei, enquanto ele faz o mesmo aos estudantes, com todos dizendo 御願いします Onegai Shimasu (Por favor, me ajude). Se o professor não estiver e for o Senpai que conduzirá a aula, ele diz 姿勢を正して、神前に礼 Shisei Wo Tadashite, Shinzen Ni Rei (arrumem suas posturas, cumprimentem o santuário). Tradicionalmente quando o Sensei não está na aula o Senpai não vai para frente da classe onde o professor senta, ele fica no lugar habitual.
Ao término da aula o Sensei pode anunciar dizendo 稽古終わり Keiko Owari. O Senpai novamente pede a todos que se sentem alinhados, o Sensei se colocará novamente em frente aos alunos e então é repetido o Mokusô conforme o comando. Ao terminar o Mokusô os procedimentos continuam como no início, porém, ao reverenciarem o Sensei é dito 有難う御座いました Arigatô Gozaimashita: Obrigado. O Sensei irá se levantar, e somente após ter saído do Kamiza, os alunos se levantarão.
Ao sair do Tatami execute o Shizen Rei, e quando for se despedir dos companheiros no Dôjô despesa dizendo: Oyasumi Nasai (boa noite) ou Shitsurei Shimasu (mais formal - me perdoe vou partindo). Conforme o processo de amizade entre os demais praticantes, algumas formalidades, são dispensadas. Outros dizeres podem ser: Sayonara (até logo), ではまた Dewa Mata (te vejo depois ou até a próxima), また明日 Mata Ashita (até amanhã).

Quando houver qualquer erro de conduta dentro do Dôjô, imediatamente se curve dizendo 御免なさい Gomen Nasai (Desculpe-me).

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

QUEM SOMOS!


A Urawaza Bugei Kai é uma instituição que foi fundada com o objetivo de difundir e preservar a prática do Bugei (arte marcial) sem deturpar ou desvirtuar seus princípios originais. De forma regulamentada e restrita somente para as pessoas que buscam disciplinas tradicionais, não somente visando o aspecto Marcial, mas, através de sua prática, a melhoria do ser humano de forma integral.


O sistema educacional dessa instituição está fundamentado na base filosófica do Bugei e outras disciplinas orientais, e seu diferencial é a ênfase ao treinamento do Kihon (fundamento) de cada escola, desenvolvendo uma real estrutura para a prática marcial e sobrevivência pessoal, e o Tairyôshin (consciência corporal), buscando preparar o adepto, não somente para a prática marcial, mas, reeducá-lo para auxiliar a descobrir seu potencial natural, e por conseqüência a expandir sua capacidade física e mental/espiritual, melhorando sua qualidade de vida!



Dentro das disciplinas da UWBK são treinados sete Ryûha (escolas tradicionais) que inclui a prática corporal em um âmbito geral das técnicas marciais, bem como, o treinamento com muitas armas tradicionais e não tradicionais.



domingo, 10 de maio de 2009

Juttejutsu

Apesar da relativa paz estabelecida pelo shogunato de Tokugawa (aproximadamente 1603 a 1868, Período Edo), oficiais da polícia japonesa feudal frequentemente tinham que enfrentar muitos desafios à sua autoridade e com isso, tiveram que desenvolver novas ferramentes e métodos para conter e prender os trangressores da lei. Desde então, um dos termos usado para designar os policiais japoneses era Keisatsukan. Na população masculina dominante de Edo, a competição era feroz. Com interações crescentes entre as várias classes e os quadros espasmódicos de um ambiente urbano rapidamente se expandindo, não é era de se supreender que temperamentos chamejaram frequentemente e confritos aconteciam. Fazer cumprir as leis durante esse período, significava quase sempre em violência. Com a população armada, manter discordâncias secundárias, frequentemente resultava em derramamento de sangue. Para manter o controle, oficiais da polícia e seus assistentes não-Samurai do período Edo desenvolveram muitas armas e técnicas interessantes contra encrenqueirosque estavam frequentemente armados e deseperados.

As armas do Antigo Japão eram muitas e variadas, com o passar dos tempos, algumas dessas armas se tornaram símbolo de idéias e classes sociais diferentes. Isto é, claro que sem generalização, mas a espada era normalmente associada com a classe alta, enquanto que a Naginata se tornou associada como arma de mulher, até mesmo a Yari ou lança foi até um certo ponto associado com a classe religiosa. O Jutte, porém, se tornou um símbolo de autoridade. Logicamente que essa relação não surgiu do dia para noite, a própria arma tem em primeira inspeção, pouca recomendação. É curta e assim limita seu usuário a técnicas principalmente defensivas. É um porrete de ferro ou aço com um gancho atravessado próximo ao cabo, porém, esse simples gancho é o que faz esta arma mais potente do que o esperado. O Jutte foi popular porque podia aparar o golpe de uma espada afiada e desarmar um agressor sem muitos danos. Essencialmente uma defesa ou contenção da arma, exigia ao usuário que ficasse extremamente perto do tansgressor pelo comprimento do Jutte.
Ao contrário do que alguns autores reivindicam, o Jutte não é uma "arma nova" ao japonês, não desenvolveu durante o período de Edo, mas, é muitomais antigo. Um estudo mais profundo, mostra que o Jutte evoluiu comumente de uma arma de campo de batalha, semelhante ao Jutte, chamada de Hachiwari ou Kabutowari (rachador de capacete), acreditada ter sido projetado por Goro Nyudo Masamune, um espadachim renomado. Essa arma consistia em uma barra de metal curva e pontiaguda, com um pequeno gancho perto da base do cabo. Era usado pelos guerreiros Samurai como um punhal/porrete auxiliar no combate. O Kabutowari foi provavelmente usado para aparar, usado na mão esquerda, enquanto brandia a espada com a mão direita, ou para perfurar o corpo do adversário entre as frestas do Yoroi (armadura). Porém, ainda sua origem é um mistério.

Essa arma foi conhecida por muitos nomes, o mais popular é Jutte, que literalmente significa "Dez mãos" (referindo-se a uma arma com força de dez mãos), sua arte é classificada de Juttejutsau e ainda hoje é treinada em algumas escolas como: Kukishin Ryû, Shintô Muso Ryû, Ikkaku Ryû e Katsujin Ryû.


sexta-feira, 18 de abril de 2008

Livro "A ARTE DA RESISTÊNCIA"


Para quem tem interesse e quiser saber mais sobre o Ninjutsu pode fazer o download desse livro aqui:
Infelizmente o livro não mais é vendido nas bancas, pois fez parte de uma coletânea sobre artes marciais e ficou por tempo limitado a venda!

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Kusari Fundo


Pouco se sabe sobre a origem da corrente de metal; o ferro foi descoberto na China em 2.000 AC, porém somente séculos mais tarde foram usados com maior abundância quando se descobriu como extraí-lo do seu minério e fundi-lo. Possivelmente somente após o século XII a corrente tenha sido exportada para o Japão. A partir daí muitas armas foram criadas por necessidade e outras acidentalmente ou adaptadas com ela. Muitas dessas armas são conhecidas e utilizadas para treino nos dias atuais, enquanto outras se perderam no tempo e não mais foram vistas. Uma
delas, pouco conhecida e treinada em raríssimas escolas marciais é o Kusari Fundo (corrente lastreada), também conhecida como Manrikigusari (corrente com força de 10.000), uma simples corrente (Kusari) de vários comprimentos (normalmente entre 45 cm a 90 cm) e lastreada com um peso (Fundo) em cada extremidade. Pouco se sabe sobre a origem da corrente de elos e, conseqüentemente, dos artefatos que a utilizam. Possivelmente a maioria das armas conhecidas hoje com corrente foram anteriormente usadas com corda em seu lugar.

De acordo com um documento histórico, há um tipo similar ao Kusari Fundo chamado Konpi (Kon significa “ferro” e Pi “voar”) que foi usado como arma na Era da corte de Yoshino (ao redor 1350 d.C.). Existe ainda outra arma que possivelmente tenha sido oriunda da Konpi chamada Konpei, e outras formas foram criadas posteriormente com diversos nomes como o Gekigan ou Tamagusari, Fundogusari, Ryobundo Kusari, Sodegusari, Kusarijutte, Kanamari e inclusive o Manrikigusari e cada qual foi desenvolvido e utilizado de acordo com a arte marcial praticada.
No Kobudô de Okinawa também existe uma variação chamada Surujin (originalmente uma corda ou corrente mais longa que o Kusari Fundo lastreada em uma extremidade com um peso e na outra, com algum tipo de empunhadura, lâmina ou espeto) Essas armas são classificadas como Kakushi Buki Jutsu (arte das armas marciais secretas).
Poucos dados e informações contundentes sobre essa obscura arma foram encontrados, e quando algum fato é descrito em documentos e preservado até os nossos dias, acaba sendo naturalmente o tutor da origem dessa arma.
É o caso do Manrikigusari da Masaki Ryû (única escola remanescente especializada nessa arma). Outras escolas incluíram seu uso no currículo como é o caso da Hoen Ryû Taijutsu, Shuchin Ryû, Kyoshin Meichi Ryû Kenjutsu/Iaijutsu, Toda Ryû Kenjutsu, Shindo Ryû Jujutsu, Hikida Ryû Kenjutsu e Togakure Ryû Ninjutsu, Gyokushin Ryû Ninjutsu hoje encabeçada pelo Sôke (sucessor) Dr. Masaaki Hatsumi.

Há relatos que o idealizador dessa arma foi um Samurai da época, habilidoso espadachim com licenças de Naginatajutsu (Alabarda) de Seni Ryû e Kotoda Itto Ryû Bujutsu chamado Dannoshin (Tarodayu) Toshimitsu Masaki, nomeado sentinela chefe para a proteção do portão principal (Otemon) do Castelo de Edo (Tokyo). Eram responsabilidades de Masaki e seus discípulos, vigiar contra a intrusão de bandidos e outros inimigos. Masaki percebeu que se houvesse uma tentativa
de invasão ao portão, certamente resultaria em derramamento de sangue desnecessário.
As convicções de Masaki ditaram que tais batalhas sangrentas não deveriam acontecer, pois mancharia de sangue um importante e famoso portão considerado um local sagrado, contudo, o portão do castelo deveria ser defendido a todo custo. Com isso Masaki, durante algum tempo, estudou que tipo de arma seria mais apropriado. Por razões desconhecidas ele decidiu que o uso de uma corrente seria de alguma forma muito satisfatório, não só para defender contra inimigos desarmados, mas também armados. Assim ocorreu o nascimento do Manrikigusari.

Masaki então ensinou as técnicas de corrente aos seus discípulos e estudantes de espada, e fundou o Masaki Ryû. Em pouco tempo essa arma tornou-se proeminente em todo Japão. Pessoas surgiram de todos os cantos do país para conhecer e aprender as técnicas e segredos do Manrikigusari. É relatado que antes de Masaki apresentar ou ensinar suas técnicas de Manrikigusari a qualquer interessado, sempre instruía o adepto que o Manrikigusari não era para ser aplicado desnecessariamente e que só deveria ser utilizado com retidão. Masaki advertiu que a pessoa que o utilizasse para o mal, se destruiria física e espiritualmente. É dito que Masaki se curvava em forma de respeito ao apresentar o Manrikigusari, e com uma oração buscava transmitir um espírito bom nisto antes de apresentá-lo a alguém. Em seguida foi adotada a arte de Manrikigusari aos Samurais da Sede de Ogaki (Cidade de Ogaki, prefeitura de Gifu).

Hoje a Masaki Ryû é encabeçada pelo 10º Sôke (sucessor), Yumio Nawa que recebeu a tradição de seu avô 9ª Sôke Nawa Toyotoshi (um samurai do domínio de Mino-Ogaki encarregado da segurança regional) que introduziu uma arte complementar, chamada Edomachikata Jutte Torinawa Atsukaiyou (arte do porrete bifurcado e corda para aprisionar) no programa de Masaki Ryû. Em Tokyo Sensei Nawa transmite a arte a um número pequeno de alunos; é um prolífico escritor e consultor da cultura do período dos guerreiros japoneses. Além do Manrikigusari, Sensei Nawa também e conhecedor de Kusarigama (Foice com corrente) Jutte e Torinawa. É sabido que os Ninja praticaram um método aparente ao Kusari Fundo, o Shinobi Tenugui No Jutsu (técnicas de Ninjutsu de empregar uma toalha curta como uma arma) embrulhando uma pedra no fim ou no centro da toalha e carregavam esta arma ao redor de sua cintura ou escondendo-a dentro de sua roupa, como também a arte de usar o Sageo (corda de segurança da bainha “Saya” da espada) atado a alguma arma ou objeto.

Um golpe com um Kusari Fundo é devastador, a força gerada no giro dessa corrente lastreada é realmente impressionante e fatal. Por isso hoje ao treinar em um Dôjô (sala de treino) devem ser usadas Kusarigeiko (arma de treino), uma corda com nós nas extremidades ou Obi (faixa). Isto nos faz alcançar segurança e habilidade para usar objetos triviais como arma para autoproteção

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Reportagem do Jornal Metrópole


Ninjutsu: luta milenar oriental para guerreiros do século XXI

Publicado em: 26/01/2008

Hoje consideradas modalidades esportivas, as artes marciais surgiram devido à necessidade que os guerreiros tinham de se defender em batalhas e brigas, quando ainda não havia lei ou justiça nos países orientais. Esse principal objetivo das artes marciais foi esquecido com o passar do tempo e essas lutas transformaram-se em técnicas que buscam aperfeiçoar o físico e o espírito, além de visar também a competição.
Para o professor Roberto Alves, o único da modalidade na Baixada Santista, o Ninjutsu é a única que ainda preserva a essência das artes marciais, que tinham como base a garantia da sobrevivência. “Aqui os alunos aprendem a se defender. Não ensinamos ninguém a sair por aí aplicando golpes ou batendo, apenas mostramos como se garantir numa situação onde há risco de morte”.
Diferentemente de outras modalidades, para praticar o Ninjutsu o aluno precisa antes passar por uma entrevista. “É necessário fazer uma classificação, porque ensino técnicas que podem ser usadas de maneira errada por pessoas de má índole. Aqui ninguém participa de competição, porque se o objetivo da arte é sobreviver, não existe competição”. Uma das primeiras lições que os alunos aprendem é: não reagir nunca por algo material. “Apenas se sua vida ou a vida de alguém estiver em risco, você deve usar a arte marcial”.
O Ninjutsu busca, na verdade, uma liberdade total, ou seja, manter a mente e o corpo abertos. “É uma arte marcial que não tem forma, porque você não sabe o que vai acontecer numa situação de perigo. O praticante tem que reeducar o corpo e organizá-lo, para conquistar a liberdade de movimentos”.

Benefícios

Além das técnicas de sobrevivência, quem pratica o ninjutsu conquista, também, uma série de benefícios físicos e mentais. Isso ocorre porque a arte marcial busca “alcançar a iluminação”, ou seja, ver a vida de forma simples. “Os praticantes aprendem a ver qualquer situação como algo que se pode resolver. Dessa forma, conquistam a autoconfiança e tornam-se pessoas melhores”.Ao participar das aulas, os alunos também têm uma melhora na postura, coordenação motora e equilíbrio. Pessoas que sofrem de ansiedade, estresse e depressão também encontrarão ajuda praticando o ninjutsu. “Aqui a pessoa começa a se sociabilizar, a ser mais forte e a encarar os medos, pois adquire confiança. Ela aprende a lidar com a força e com a dor, que fazem parte do nosso dia-a-dia”.
TécnicaNas aulas, além dos golpes os alunos aprendem também a utilizar algumas armas como bastões, espadas e correntes. “Trabalhamos a técnica, a utilização das armas e a parte didática”.Interessados em participar das aulas devem procurar a academia FIT Santos, à Rua Padre Anchieta, 187, Macuco, Santos, telefone 3234-2376. Informações sobre o Ninjutsu pelo site http://www.uwbk@uwbk.com.br/

Amanda Barbieri
Matéria publicada na edição 138 do jornal Metrópole